terça-feira, 31 de agosto de 2010

Laser terapêutico


O laser terapêutico é muito utilizado na fisioterapia animal. A terapia a laser de baixa intensidade tem sido utilizada na prática clínica há aproximadamente 20 anos, sendo que os trabalhos iniciais foram realizados na Europa no início da década de 1970 (FUKUDA e MALFATTI, 2008). O laser terapêutico tem baixa potência e não produz efeitos térmicos sobre os tecidos.
Há vários tipos de laser terapêutico. Os lasers de arseneto de gálio e o de gálio-alumínico arsênico são utilizados para tratar locais mais profundos, como a articulação coxofemoral ou o joelho, por exemplo. Já o laser de hélio-neon é utilizado para o tratamento de feridas de pele.
O laser estimula as células, podendo ajudar no reparo tecidual (cicatrização de feridas, fraturas, etc). Tem efeito analgésico, antiinflamatório, circulatório e regenerativo, sendo indicado para inúmeras doenças, pós-operatório, feridas de decúbito não infeccionadas, inflamações, traumas, ajuda na consolidação de fraturas, entre outros (LEVINE et al, 2008; RISO, 2008).
Essa modalidade da fisioterapia pode ser utilizada em inúmeros locais do corpo, como articulações, músculos, tendões e pele. É contra-indicada para filhotes (no local de crescimento do osso), perto dos olhos, coração, fêmeas gestantes e tumores (LEVINE et al, 2008).

Referências:
FUKUDA, T.Y.; MALFATTI, C.A. Análise da dose do laser de baixa potência em equipamentos nacionais. Revista Brasileira de Fisioterapia, 12, 70-4, 2008.
LEVINE, D., et al. Reabilitação e fisioterapia na prática de pequenos animais. São Paulo: Roca, 2008.
RISO, N.D.M. Influência do laser terapêutico no reparo de defeito ósseo de ratos submetidos à ausência de carga: dissertação. Araçatuba, 2008.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Displasia Coxofemoral - Descrição da doença.

O primeiro assunto que escolhi para abordar é a displasia coxofemoral (DCF), pois foi o tema do meu TCC e também o primeiro paciente que atendi.
A DCF é uma doença muito comum entre os cães. Afeta com maior frequência os cães de grande porte e que tem crescimento rápido, por exemplo Dogue Alemão, Rottweiler, São Bernardo, Pastor Alemão, entre outros; podendo também acometer cães menores.
É causada principalmente por fatores genéticos, também recebendo influência de fatores ambientais (por exemplo, piso escorregadio) e de manejo (excesso de alimentação e/ou de exercícios por exemplo).
A DCF tem por característica a instabilidade da articulação coxofemoral, que com o tempo, desgasta os componentes articulares, levando a uma doença articular degenerativa.
Os sinais clínicos incluem: redução da atividade; claudicação (eles mancam) de um ou dos dois membros posteriores; dificuldade para se levantar, correr, pular e subir escadas; quando correm, os cães tendem a demonstrar um andar de "coelho" nos membros pélvicos (traseiros); demonstrações de dor no local e atrofia ou hipotrofia muscular.
O diagnóstico se baseia nos achados clínicos, no histórico do animal e de seus pais, e no exame radiográfico (diagnóstico definitivo). A "Orthopedic Foundation for Animals" formou um registro de DCF e estabeleceu sete notas de variação do grau de displasia. O cão deve ter mais de dois anos para se aplicar a essas graduações (PIERMATTEI e FLO, 1999). Para mais informações acesse: http://www.offa.org/hipgrade.html (em inglês).  O ângulo de Norberg é uma medida feita pelos veterinários para atestar se há deslocamento da cabeça femoral em relação ao acetábulo. Um ângulo inferior a 105º indica DCF (Figura 1).

Figura 1. Radiografia pélvica de cadela da raça Pastor Alemão, com 12 meses de idade e articulações coxofemorais normais. Os ângulos de Norberg são 106º e 105º (VIEIRA, 2007).

Figura 2. Radiografia das articulações coxofemorais em posicionamento convencional. Observa-se acentuado grau de DCF e sub-luxação (ARIAS et al, 2004). 
O melhor tratamento para a DCF é o preventivo. A incidência pode ser reduzida através da seleção, para a reprodução, de cães livres da doença (com laudo emitido por um médico veterinário qualificado). Ao comprar seu filhote, é importante pesquisar o histórico dos pais. Outra dica é sempre manter seu cão em um espaço com piso rústico (cimento), principalmente se ele for de raça de grande porte, pois os pisos lisos aumentam escorregões, o que aumenta a instabilidade da articulação. Exercícios físicos são importantes para fortalecer a musculatura, que ajuda a estabilizar a articulação. Sempre faça caminhadas com seu cão, porém nunca forçando-o demais, principalmente se for filhote. Peça orientação ao seu veterinário!
Se o cão já desenvolveu a DCF, o tratamento de escolha é o cirúrgico. Há diversas técnicas cirúrgicas para o tratamento da DCF, e o ortopedista irá orientá-lo sobre qual é a melhor técnica para o seu cão em particular.
Também pode ser feito o tratamento conservador, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do animal, mas não irá curar a doença e deverá ser feito por toda a vida do animal, pois uma vez interrompido o tratamento, os sinais clínicos tendem a piorar. Consiste de fisioterapia, analgésicos, antiinflamatórios e protetores articulares (sulfato de condroitina e glucosamina).
O papel da fisioterapia na DCF é muito importante. No pós operatório, controla a dor, alonga e fortalece a musculatura, auxilia o retorno do membro à sua função normal, minimizando ou evitando contraturas, atrofias ou hipotrofias musculares. Consiste de técnicas manuais (massagem, alongamento, mobilização articular passiva), exercícios ativos (caminhadas guiadas, obstáculos, dança, senta e levanta, bola fisioterapêutica, prancha de equilíbrio), laserterapia (efeito antiinflamatório, analgésico, circulatório e também aumenta o metabolismo do local), eletroterapia (TENS - controla a dor; NMES - para fortalecimento da musculatura, se houver atrofia muscular), ultrassom terapêutico (prepara os músculos para o alongamento, reduz edemas).
Para o tratamento conservador, a fisioterapia é indispensável, pois reduz a necessidade de medicamentos com o passar do tempo, o que é muito importante. Melhora a qualidade de vida do animal, pois diminui a dor, alonga, relaxa, melhora a saúde articular e proporciona estímulos diversos que ajudam o cão a não perder a função do membro. Lembrando que nesses casos a fisioterapia deve ser feita por toda a vida do animal, pois não cura a doença, apenas melhora os sinais clínicos.

Informações ou dúvidas: li_vet09@hotmail.com

Referências:
ARIAS, S.A., et al. Prótese coxofemoral em cães: relato de dois casos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 56, 618-22, 2004.
PIERMATTEI, D.L. e FLO G.L. Manual de Ortopedia e Tratamento das Fraturas dos Pequenos Animais. 3ed. Barueri: Manole, 1999.
VIEIRA, G.L.T. Associação entre o ângulo de Norberg, o percentual de cobertura da cabeça femoral, o índice cortical e o ângulo de inclinação na displasia coxofemoral canina: dissertação. Belo Horizonte: 2007.

Apresentação

Olá, meu nome é Lizandra Fernandes Leite, e nessa primeira postagem irei apresentar a mim e meu trabalho.
Sou formada em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP - CLM) em Bandeirantes - PR. Também formada pelo II Curso de Especialização em Fisioterapia e Reabilitação Animal, pelo Instituto Bioethicus em Botucatu - SP.
Conheci a fisioterapia em um curso de atualização, durante a faculdade, e desde então me apaixonei por essa área. É um trabalho lindo, que requer paciência e dedicação.
A fisioterapia animal é uma área da medicina veterinária que trabalha o animal como um todo, e não apenas o seu problema localizado. Pois o seu problema, por menor que seja, acarreta em compensações em todo o seu corpo, gerando problemas que vão se acumulando com o passar do tempo.
Nesse blog, irei abordar as doenças mais comuns de cães e gatos que são encaminhadas para o tratamento fisioterapêutico, e as manobras manuais e aparelhos mais comumente usados, como o laser terapêutico, eletroterapia e ultrassom terapêutico. Também irei postar alguns casos que atendi e suas evoluções, com vídeos e fotos, e descrição do tratamento feito, propiciando assim uma melhor visualização dos resultados do tratamento.
Espero que gostem!