quarta-feira, 13 de julho de 2011

GATOS - Síndrome da queda de grande altura.


Essa é uma situações que muitos proprietários de gatos que moram em apartamento passam. Essa síndrome descreve o conjunto de lesões sofridas por qualquer animal que caia de uma altura considerável de, geralmente, no mínimo 2 andares (cerca de 3,6 metros por andar). Essa é uma síndrome comum para gatos mais jovens, que vivem em área urbana, prédios e que não tenham as janelas e sacadas teladas. O termo grande altura se refere aos elevados edifícios dos quais caem animais. 

O índice de sobrevivência para gatos que sofrem esse mal, é animador, cerca de 90%. Em um recente estudo feito sobre essa síndrome, 3% dos gatos estavam mortos ao chegar ao local, 37% precisaram de tratamento para sustentação vital, 30% precisaram de tratamento não emergencial e 30% dispensaram qualquer tipo de tratamento. Os gatos que sobrevivem 24 horas após a queda raramente morrem por causas relacionadas com a síndrome. 

Essa sequência ocorre com todos os gatos que caem. Quando a altura é mais de 7 andares, ele fica relaxado e preparado para aterrissar.

Quando a queda tem uma distância de até 7 andares, há um aumento nas lesões que os gatos sofrem. Acima dessa altura, o número de lesões (principalmente fraturas) permanece o mesmo ou diminui. Acredita-se que isso ocorra porque gatos que caem de uma altura elevada (mais de 7 andares) atinjam a velocidade final de queda (cerca de 96 km/h) e nesse ponto o aparelho vestibular não é mais estimulado. Quando a queda é menor do que 7 andares, o ponto de velocidade máxima não é atingido, então a estimulação vestibular contínua resulta em rigidez dos membros e a incapacidade do animal se preparar ao máximo para uma aterrissagem horizontal. Com essa incapacidade de preparação, é desigual e menor a força de distribuição do impacto, que com as extremidades rígidas, causam mais fraturas e outras lesões. 


Para o diagnóstico deve ser feito um exame físico completo e, nos gatos que apresentem angústia respiratória, deve ser feita a toracocentese diagnóstica e terapêutica antes da realização do raio x. Devem também ser feitos alguns testes de avaliação rápida como proteína total, volume globular, BUN, glicose do sangue, tira reativa para urina e densidade urinária. Esses testes ajudam a identificar os gatos que estão em choque e/ou gatos que estejam com perda de sangue ou comprometimento urinário. 
Também devem ser feitas radiografias torácicas e abdominais assim que o gato estiver estável e, se houver suspeita de traumatismo ou derrame abdominal deve ser feita uma abdominocentese (o líquido colhido deve ser enviado ao laboratório para análise). 

O tratamento desses gatos inclui: 
- Toracocentese (para todos os gatos que apresentem dispnéia);
- Oxigenioterapia (para gatos com dificuldade respiratória);
- Fluidoterapia de suporte (quando há choque ou desidratação. Quando há lesão bucal, pode ser necessária fluidoterapia prolongada);
- Reparos de fraturas, ferimentos e outras lesões (reparos que devem ser feitos quando o gato estiver estabilizado);
- Apoio nutricional (em alguns casos é necessária alimentação com sonda esofágica ou gástrica);
- Fisioterapia para os muitos casos em que há fraturas ou outras lesões como feridas extensas. A fisioterapia é importante, sendo no pós operatório ou para gatos que não necessitem de cirurgia.

Fisioterapia para gatos que sofreram síndrome da queda de grande altura:
A fisioterapia é uma ferramenta muito importante para a recuperação desses gatos. Deve ser iniciada assim que o gato foi estabilizado e/ou passou pela cirurgia de reparo das fraturas. 
- Pós operatório de fraturas: É usado o gelo no início (crioterapia), para evitar edemas e melhora da dor e inflamação. Para a dor, pode ser usada o TENS e, quando o gato fica alguns dias sem apoiar a pata, é usado o FES (eletroestimulação funcional). O uso do laser acelera a formação do calo ósseo, diminui a dor e a inflamação. O ultrassom terapêutico não pode ser usado em todos os casos, pois quando há placa, pinos ou cerclagem, pode haver um aquecimento exagerado do local, provocando lesões (se usado no modo contínuo). Aqui também entram os alongamentos, exercícios passivos de mobilização, massagem e exercícios ativos com bola, pranchas e pistas de obstáculos. 
- Sem cirurgia: Esse é o caso de gatos que não vão fazer cirurgia, mas têm alguma lesão extensa de pele, que não pode ser suturada. O laser terapêutico é ótimo cicatrizante e deve ser feito diariamente. Aqui também entram os gatos que sofreram alguma fratura que não será operada, como no quadril ou nas costelas. A fisioterapia para esses pacientes é fundamental e proporciona mais conforto e qualidade de vida. 


Bibliografia: O paciente felino - segunda edição. Gary D. Norsworthy, et al.