quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Displasia Coxofemoral - Descrição da doença.

O primeiro assunto que escolhi para abordar é a displasia coxofemoral (DCF), pois foi o tema do meu TCC e também o primeiro paciente que atendi.
A DCF é uma doença muito comum entre os cães. Afeta com maior frequência os cães de grande porte e que tem crescimento rápido, por exemplo Dogue Alemão, Rottweiler, São Bernardo, Pastor Alemão, entre outros; podendo também acometer cães menores.
É causada principalmente por fatores genéticos, também recebendo influência de fatores ambientais (por exemplo, piso escorregadio) e de manejo (excesso de alimentação e/ou de exercícios por exemplo).
A DCF tem por característica a instabilidade da articulação coxofemoral, que com o tempo, desgasta os componentes articulares, levando a uma doença articular degenerativa.
Os sinais clínicos incluem: redução da atividade; claudicação (eles mancam) de um ou dos dois membros posteriores; dificuldade para se levantar, correr, pular e subir escadas; quando correm, os cães tendem a demonstrar um andar de "coelho" nos membros pélvicos (traseiros); demonstrações de dor no local e atrofia ou hipotrofia muscular.
O diagnóstico se baseia nos achados clínicos, no histórico do animal e de seus pais, e no exame radiográfico (diagnóstico definitivo). A "Orthopedic Foundation for Animals" formou um registro de DCF e estabeleceu sete notas de variação do grau de displasia. O cão deve ter mais de dois anos para se aplicar a essas graduações (PIERMATTEI e FLO, 1999). Para mais informações acesse: http://www.offa.org/hipgrade.html (em inglês).  O ângulo de Norberg é uma medida feita pelos veterinários para atestar se há deslocamento da cabeça femoral em relação ao acetábulo. Um ângulo inferior a 105º indica DCF (Figura 1).

Figura 1. Radiografia pélvica de cadela da raça Pastor Alemão, com 12 meses de idade e articulações coxofemorais normais. Os ângulos de Norberg são 106º e 105º (VIEIRA, 2007).

Figura 2. Radiografia das articulações coxofemorais em posicionamento convencional. Observa-se acentuado grau de DCF e sub-luxação (ARIAS et al, 2004). 
O melhor tratamento para a DCF é o preventivo. A incidência pode ser reduzida através da seleção, para a reprodução, de cães livres da doença (com laudo emitido por um médico veterinário qualificado). Ao comprar seu filhote, é importante pesquisar o histórico dos pais. Outra dica é sempre manter seu cão em um espaço com piso rústico (cimento), principalmente se ele for de raça de grande porte, pois os pisos lisos aumentam escorregões, o que aumenta a instabilidade da articulação. Exercícios físicos são importantes para fortalecer a musculatura, que ajuda a estabilizar a articulação. Sempre faça caminhadas com seu cão, porém nunca forçando-o demais, principalmente se for filhote. Peça orientação ao seu veterinário!
Se o cão já desenvolveu a DCF, o tratamento de escolha é o cirúrgico. Há diversas técnicas cirúrgicas para o tratamento da DCF, e o ortopedista irá orientá-lo sobre qual é a melhor técnica para o seu cão em particular.
Também pode ser feito o tratamento conservador, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do animal, mas não irá curar a doença e deverá ser feito por toda a vida do animal, pois uma vez interrompido o tratamento, os sinais clínicos tendem a piorar. Consiste de fisioterapia, analgésicos, antiinflamatórios e protetores articulares (sulfato de condroitina e glucosamina).
O papel da fisioterapia na DCF é muito importante. No pós operatório, controla a dor, alonga e fortalece a musculatura, auxilia o retorno do membro à sua função normal, minimizando ou evitando contraturas, atrofias ou hipotrofias musculares. Consiste de técnicas manuais (massagem, alongamento, mobilização articular passiva), exercícios ativos (caminhadas guiadas, obstáculos, dança, senta e levanta, bola fisioterapêutica, prancha de equilíbrio), laserterapia (efeito antiinflamatório, analgésico, circulatório e também aumenta o metabolismo do local), eletroterapia (TENS - controla a dor; NMES - para fortalecimento da musculatura, se houver atrofia muscular), ultrassom terapêutico (prepara os músculos para o alongamento, reduz edemas).
Para o tratamento conservador, a fisioterapia é indispensável, pois reduz a necessidade de medicamentos com o passar do tempo, o que é muito importante. Melhora a qualidade de vida do animal, pois diminui a dor, alonga, relaxa, melhora a saúde articular e proporciona estímulos diversos que ajudam o cão a não perder a função do membro. Lembrando que nesses casos a fisioterapia deve ser feita por toda a vida do animal, pois não cura a doença, apenas melhora os sinais clínicos.

Informações ou dúvidas: li_vet09@hotmail.com

Referências:
ARIAS, S.A., et al. Prótese coxofemoral em cães: relato de dois casos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 56, 618-22, 2004.
PIERMATTEI, D.L. e FLO G.L. Manual de Ortopedia e Tratamento das Fraturas dos Pequenos Animais. 3ed. Barueri: Manole, 1999.
VIEIRA, G.L.T. Associação entre o ângulo de Norberg, o percentual de cobertura da cabeça femoral, o índice cortical e o ângulo de inclinação na displasia coxofemoral canina: dissertação. Belo Horizonte: 2007.

3 comentários:

  1. boa noite, meu cão tem displasia, poderia me passar mais informaçoes de medicaçao que eu possa utilizar e exercicios, pois moro no interior do Rio Grande do Sul e aqui é complicado encontrar clinica.

    ResponderExcluir
  2. Boa tarde. Minha canina possui displasia coxofemoral. Já retirou a cabeça do fêmur da perma direita traseira e denervação na perna esquerda traseira, em fevereiro de 2016, quando tinha 7 meses. Desde 2017 está tomando Gabapentina 300 mg, sendo 01 cápsula pela manhã. Gostaria de receber orientação sobre quais exercícios ela pode fazer, pois é muito ativa e está com 3 anos.

    ResponderExcluir
  3. Meu Rottweiller fez cirurgia coxofemural na perna direita ja faz 4 meses. Fiz fisioterapia e acumpuntura depois da cirurgia mad continua mancando isso é normal?

    ResponderExcluir