segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Hérnia de disco (doença de disco intervertebral)

A coluna vertebral dos animais é composta por vértebras cervicais, torácicas, lombares, sacrais e caudais (coccígeas), conforme podemos observar nessa figura:


As vértebras permanecem unidas umas às outras por meio dos discos intervertebrais e dos ligamentos. Cada um dos discos intervertebrais é composto de um núcleo pulposo e envolvido por um anel de fibras cartilaginosas. As figuras abaixo permitem uma melhor visualização das estruturas:


Há dois principais tipos de hérnia de disco em cães:
- Tipo I: quando há uma degeneração e ruptura do anel fibroso dorsal, fazendo com que o núcleo pulposo saia e vá até a medula, comprimindo-a. É mais comum em raças condrodistróficas como o teckel, mas também pode ocorrer em qualquer outra raça. Veja a figura abaixo:


- Tipo II: nesse tipo de herniação, não há a ruptura do anel fibroso, apenas um abaulamento do disco intervertebral. Na figura abaixo, o tipo II é ilustrado na figura "protusa". O tipo I é a "extrusa":
Os gatos também podem apresentar hérnia de disco, porém com menor frequência do que os cães. A compressão da medula geralmente é causada por fatores traumáticos (atropelamentos, quedas, saltos) e influenciada por fatores genéticos (como a coluna alongada dos cães da raça teckel).

Sinais clínicos:
A extrusão do tipo I geralmente ocasiona sinais clínicos mais graves do que a protusão do tipo II.
- Tipo I: dor aparente e/ou déficits sensoriais. Os sinais geralmente ocorrem logo após a extrusão, podendo também progredir lentamente. A severidade dos sinais depende da quantidade de material de disco que foi para o canal medular. Há, além da dor, diminuição da propriocepção (percepção do corpo ao ambiente que o cerca), tetraparesia/tetraplegia; ou paraparesia/paraplegia, dependendo do local da lesão. Pode haver claudicação (mancar), alterações nos reflexos e na percepção de dor nos membros.  
- Tipo II: os sinais geralmente progridem lentamente por meses, podendo também ser agudo em alguns animais. O sinal clínico mais comum é a tetraparesia ou a paraparesia, dependendo do local da lesão. Os déficits podem ser assimétricos. Os animais geralmente sentem dor no local da hérnia. 

Diagnóstico:
O diagnóstico é feito com base no exame físico, exame neurológico (determina se o sistema nervoso está afetado, avalia a severidade da doença, localiza a lesão dentro do sistema nervoso), radiografias da coluna, análise do líquido cerebroespinhal e mielografia, que são exames úteis para fechar o diagnóstico.

Tratamento:
O tratamento clínico consiste de repouso e antiinflamatórios (corticóides). O repouso é muito importante pois facilita a resolução da inflamação e a estabilização do disco rompido. É importante confinar o animal em um espaço pequeno, pois com a administração dos medicamentos, a dor vai diminuir e o animal vai querer andar, correr, etc, o que não é indicado. Sempre monitorar o animal em repouso, fazendo sua higiene e virando-o de lado a cada 2 horas, para evitar feridas de decúbito. Dependendo do tipo de lesão, o ideal é tentar o tratamento conservativo por aproximadamente 3 dias, não havendo resposta, o animal deve ser encaminhado para cirurgia.

O tratamento cirúrgico consiste em várias técnicas de descompressão da medula, como a fenestração de disco, hemilaminectomia e laminectomia dorsal. O cirurgião irá escolher a técnica adequada a cada paciente em particular. É muito importante fazer a cirurgia o quanto antes, pois irá aumentar as chances de recuperação dos movimentos do paciente.

Reabilitação:
A fisioterapia é indispensável na recuperação dos pacientes, pois aumenta muito as chances do animal voltar a andar. A acupuntura também é um ótimo tratamento, devendo ser associada à fisioterapia.

- Pós cirúrgico
Inicialmente, a fisioterapia é focada no controle da dor na coluna, através do uso de TENS, laser e massagem. Conforme a dor vai diminuindo, são intensificados os exercícios proprioceptivos, que são aqueles que estimulam o corpo do animal de várias maneiras, fazendo com que o sistema nervoso "reaprenda" a fazer os movimentos. Exemplos desses exercícios são: escovações (coluna e nos coxins plantares), movimentos passivos, como a pedalagem, choque térmico nos coxins plantares, entre outros. Quando o cão já consegue trocar alguns passos, são feitos novos exercícios, como pista proprioceptiva (pista com vários tipos de piso, como areia, água, pedrinhas, borracha, entre outros), pista de obstáculos, caminhadas guiadas, prancha de equilíbrio e disco proprioceptivo. Esses exercícios estimulam muito o corpo do animal, o que é muito importante para que ele possa retornar às suas funções normais. A eletroterapia no modo FES (eletroestimulação funcional) também apresenta ótimos resultados, pois proporciona contração muscular, sendo um grande estímulo aos músculos que não estão conseguindo se contrair sozinhos.

- Conservativo
A fisioterapia no tratamento conservativo (sem cirurgia) consiste basicamente dos mesmos exercícios e aparelhos, sempre focada em analgesia e diversos estímulos de propriocepção. Lembrando que quando o conservativo não apresentar resultados, o animal deve ser encaminhado para cirurgia o mais rápido possível. Quando é feita a opção por não operar, a fisioterapia deve continuar a longo prazo, para manter o animal em condições confortáveis. Outra boa opção é o uso de cadeirinhas, que melhoram o ânimo do paciente, deixando-o mais independente, além de auxiliar no protocolo de reabilitação. A acupuntura também deve ser associada quando possível.

Em qualquer tratamento escolhido, o mais importante é nunca deixar o cão sem estímulos e alongamentos.

Dúvidas e informações: li_vet09@hotmail.com

5 comentários:

  1. Olá, tenho um beagle que tem hérnia de disco, ficou paralisado nas patas traseiras, fizemos acupuntura e fisioterapia e ele voltou a andar, está "mancando" ainda, fazem 7 meses que aconteceu. Mas ele perdeu as funções de urinar e defecar no banheiro dele, utiliza fraldas. Como faço para saber se a fralda o deixa mais relaxado ou se ele realmente não tem a função?

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  2. Boa tarde,tenho um bulldog ingles que tem 9 meses e esta sem andar a 4 meses por conta da hernia de disco,ja fez 20 sessoes de acupuntura,será que ainda seria tempo de ele operar e ter sucesso na cirurgia em voltar a andar?
    Mas me disseram que aqui em Manaus não tem profissionais capacitados e nem recursos para essa cirurgia.
    Neurilene Almeida - Manaus-Am.

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  3. meu teckal Bob tem 8 anos e apresentou hernia na cervical, a primeira crise tem 2 semanas,mas ele tem tido varias...vou correr com radiografias.Estou muito preocupada,mas ele anda normalmente, brinca e ali do nada da um grito e fica todo curvadinho...o vet diz que é hernia...so espero nao ter que opera-lo,ele acaba de operar os dentes...a mae dele teve no final da coluna mas se recuperou muito bem...Como faço para confina-lo?o medico falou que ele pode correr a vontade!abs

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  4. 22de abril de 2015,tenho um cão bace de 5 anos,á uma semana esta paralizado na parte traseira,levamos ao veterinario e foi detextado que ele esta com hernia de disco,esta fazendo acupuntura e tomando corticoide e analgesico,mas por enquanto não vimos resultado nos movimentos,queria saber se ele tem chance de andar, e se é preciso fazer cirurgia,obrigada Vera

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